O mês é oportuno para se falar das mães. É bem certo podemos dizer que existem "Mães" e "mães". Li há algum tempo tristes declarações de Elke Maravilha, jurada de televisão, em que afirmava ter nascido para ser madrinha e não para ser mãe. Na "Isto é", ela disse: "Fiz três abortos. Sempre soube que não tinha talento para isso". Sempre disse aos homens com os quais conviveu: "Quer ter filhos? Vai ter com outra". Já Maitê Proença, atriz, afirmou na "Veja": "Depois de dez anos tentando, consegui engravidar. Quando descobri a mulherzinha parideira que havia em mim, quando me dei conta de que a reprodução era minha função maior, de que eu e uma vaca somos a mesma coisa".
Qual das duas está certa? A que preferiu não ter filhos ou a que entende a procriação como fim último da mulher e comparável a qualquer animal? Com certeza nenhuma. Em tempos de relativismo prático, parece perigoso afirmar que alguém esteja errado. Alega-se que cada um pode ter sua verdade. Mais não é assim, existe uma verdade objetiva da qual uma visão subjetiva não pode sobrepor-se. Ser mãe não é um castigo, como dão margem algumas teorias feministas ou como determina o sistema capitalista que já desempregou tantas mulheres ao ficarem gestantes, muito embora as leis assegurem esse direito à mulher.
Em outubro de 2007, recebi ligação de Maria Emmir, escritora cearense. A voz do outro lado da linha, inconfundível e de dicção claríssima, revelava certa consternação. Motivo: havia lido em jornal local sobre a tentativa de venda de criança recém-nascida. Pensando tratar-se de um caso isolado, pus-me a procurar a reportagem no famigerado "Google". Para minha surpresa e tristeza, uma série de cabeçalhos indicava em curto espaço de tempo um número considerável de tentativas de venda e compra de bebês recém-nascidos encabeçadas pelas mães.
Em Recife, um representante comercial foi detido em março deste ano. Ele pagou despesas hospitalares com o parto, exigência da mãe que ainda pediu em escambo pelo filho um advogado para soltar o irmão dela que se encontrava preso. Ao dar à luz, Juliana, a mãe, que admitiu a esdrúxula negociata, arrependeu-se e denunciou o caso à polícia. No Chile, uma mãe com o esposo pôs anúncio na internet: "Vendo bebê recém-nascido, entrar em contato com Carolina e Juan". A insólita venda foi desbaratada graças a um canal de televisão que simulou interesse em adquirir o bebê, flagrando o comércio intolerável. Um casal de Taubaté, SP, em novembro de 2006, comprou criança com menos de um mês de vida de mulher em Minas Gerais. A mãe afirmou que recebeu cesta básica e em breve ganharia mais benefícios em dinheiro por meio de uma advogada que estava intermediando a venda do bebê.
Além da inaceitável compra e venda de bebês, existe o aluguel de crianças. Rachel de Queiroz, no "O Quinze", já denunciava as mães que emprestavam a outras seus embrulhos viventes - crianças subnutridas devido à seca - a fim de que recebessem esmolas mais generosas. Esta prática atravessou décadas e, em Fortaleza, ainda acontece, sobretudo nas ruas do Centro da capital, o que é um verdadeiro absurdo: mulheres que alugam crianças de mães para pedir esmolas.
Contudo, para não se cair no penhasco da desesperança, evidenciamos uma outra estirpe de mães. São daquelas que aceitam de bom grado os filhos e os acolhem como "um dom". Exemplo dessas mães é a do pequeno Mateus. Clarissa Nogueira lutou bravamente contra um tipo de câncer raro de seu filho. Junto ao esposo, não mediu esforços para mobilizar a sociedade na busca de uma medula óssea compatível para o anjo e herói Mateus, como carinhosamente o chamava, conseguindo ocupar amplo espaço na mídia local e nacional no primeiro semestre de 2007. No Ceará, Maria Cecília deu à luz, lar, carinho e proteção à sua filhinha Maria Tereza, diagnosticada anencéfala e sentenciada por muitos à morte. Sobreviveu por três meses e nada lhe faltou.
Mães como essas, sim, são exemplos de maternidade responsável.
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