19 de jun. de 2011

Industrial,mulherengo e ateu

[literatura cearense]

Mais um livro da coleção `terra barbara`, da Fundação Demócrito Rocha, devorado. Em apenas dois dias. E assim já se foram quatro biografias.

Esta última, sobre o pioneiro industrial do Nordeste, Delmiro Gouveia,homem de início e fim de vida desastrados.

Ficou conhecido no agreste como `rei da pele` e reconhecido pela paixão ardente e inconsequente por jovens mulheres.

Chamou-me a atenção algumas entrelinhas do texto e características psicológicas do notável empreendedor.

Delmiro era ateu. Mesmo. Ao ponto de não permitir a instalação de uma capela no centro da vila criada em função de sua fábrica de linha e que anos depois de sua morte tomou seu nome como identificação.

Era um homem rude com os funcionários. Sisudo. Carrancudo.Explorador. Tratava-os na vila `no cabresto` como se diria. Mantinha-os sobre constante pressão e rigor moralista.

O que proibia aos outros excedia em sua vida pessoal. Não sustentou os casamentos,foi um pai ausente e dado à bebida e prostituição.

O desequilíbrio  em sua vida privada afetou diretamente seus negócios e pôde inclusive ter desencadeado sua morte até hoje por saber quem a encomendou aos homens que lhe fizeram tombar no alpendre de sua casa.

Acredito na força propulsora da fé que nos pode levar mais longe,aos horizontes mais distantes. Talvez foi o que faltou a este notável em cujo sufrágio rezei neste domingo, dia por excelência da fé.

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