busólogos em Fortaleza alimentam a paixão
pelos carros grandes e se encantam com a pintura e ronco dos motores.
Escondido da mãe, a
criança tomava os cubos de gelo, os enfileirava e explicava para os outros
colegas que ali era um terminal de carros grandes. E foi assim despertando a
paixão por ônibus em Tiago Fontenele, hoje com 25 anos, radialista.
Adepto do hobbie, no mínimo, inusitado, o
jovem coleciona objetos e conhecimento sobre os carros utilizados para
transporte coletivo municipal e interestadual.
Somente há três anos
descobriu que a paixão tem nome, igualmente esquisita, busologia e que existem
outras pessoas que compartilham do mesmo interesse. Somente em Fortaleza são
pelo menos um mil busólogos que se reúnem uma vez por ano e ao longo dos meses
mantém contato através de sites, blogs e redes sociais.
A busologia não é uma
ciência e sim um hobby que conquista número cada vez maior de adeptos. É um
neologismo, surgiu no Brasil com Hélio de Oliveira, designer de ônibus e
ex-funcionário da extinta fábrica de carrocerias Thamco. Busologia também não é
profissão, mas quem é admirador faz com seriedade, tanto que existem empresas
que apoiam a prática e levam em consideração as sugestões deste grupo de
pessoas.
Tiago Fontenele com objetos colecionados
|
O interesse nos
carros se volta para as marcas, ronco dos motores, pintura e lataria.
Colecionam fotos, brindes, cartazes, revistas, livros e informações em geral.
Tiago não é diferente, os ônibus povoam seu imaginário e elementos do dia a
dia. São chaveiros, miniaturas, esculturas de biscuit, tudo remete a paixão.
Assim como a maioria
dos busólogos a paixão de Fontenele não é compreendida. “Tem gente que já
chegou a dizer que isso era coisa de doido... Mas, não ligo!”, disse. E
minimiza a estranheza causada. “É um hobbie como qualquer outro. Como existem
pessoas que gostam de aviões, carros, barcos, existem os busólogos que apreciam
o universo dos ônibus”, descreveu.
Marcelo Mousse, 23,
atendente, chega a gastar um mil e quinhentos reais por mês com a paixão.
“Muitos não entendem, mas eu gosto. Sou colecionador e faço isso com muita
paixão”, justificou.
Tiago já chegou ao
ponto de trocar uma viagem de avião que levaria 2 horas para chegar ao destino
por uma de ônibus que demorou 24 horas. “Foi minha melhor viagem”, comemorou.
Fac-símile do site Fortalbus dedicado a busólogos |
O que geralmente os
busólogos observam em um ônibus é a pintura. O designer do veículo e o ronco do
motor também chamam a atenção destes apaixonados. “Gosto sobretudo dos ônibus
interestaduais, os do modelo G7 trucados da Marcopolo são os melhores”,
destacou Fontenele.
O gerente de
marketing da empresa Expresso Guanabara, Rodrigo Mont’Alverne, é um dos
incentivadores do hobbie. “Realizamos um encontro anual com estes
colecionadores. O último aconteceu em Fortaleza foi um sucesso e contou com
busólogos de outros estados”, relatou. A paixão segundo o gerente é levada a
sério, o que move a empresa apoiar iniciativas e sugestões dos busólogos.
Em Fortaleza circulam
pelo menos 900 ônibus diariamente fazendo o transporte coletivo da população
que em sua maioria está distante de ter paixão pelo tipo de transporte. “Até
que a frota é nova, mas a lotação é tão
grande que nem dar para observar os detalhes de um ônibus”, brincou
Wallace Freitas, 18, usuário do transporte coletivo.
Texto e Foto:
Vanderlúcio Souza
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