Na linguagem dos delinqüentes uma frase caracteriza o início de sua ação: “Isso é um assalto vagabundo”. Para o meriante vagabundo é o outro, na maioria das vezes uma pessoa honesta e trabalhadora.
Uma faca, um revólver ou outra arma torna-se o respaldo da honra do bandido em sua ação. Nela ele põe sua segurança; arroga-se de credor da vítima e deste rouba-lhe por primeiro a liberdade em seguida os bens.
Devido a onda crescente de violência vemos a sociedade divide-se entre as pessoas de bem e os bandidos, marginais. Contudo o objetivo deste artigo não é dividir binariamente a sociedade nestas duas classes, mas ressaltar que, também, as pessoas ditas, de bem, muitas vezes agem com certa honra de bandido.
Quando se atrela o valor da honra a algo exterior ao sujeito como a um cargo, uma função, uma informação e se isso é utilizado contra o outro, pouco a pouco a pessoa deixa de ser aquele cidadão de bem que imaginava o iludia-se ser.
À direção de um carro, por exemplo, uma pessoa pode sentir-se melhor em detrimento às demais o que não é verdade.
A honra de bandido faz pensar que se é melhor que o outro absoluamente. Faz pensar que todos são nossos devedores.
Tal perigo assola todos os segmentos da sociedade, inclusive, o religioso. Alguém pode sentir-se mais próximo de Deus pelo cargo, chamado ou serviço prestado. Quando isso possui o coração da pessoa ela enxerga o próximo como um menos favorecido pela graça, erro crasso.
Nossa honra tem seu valor naquilo que somos, e todos são dignos de terem-na respeitada. A honra não cresce ao lhe agregar elementos exteriores ao sujeito.
O mandamento primaz de Jesus, ama teu próximo como a ti mesmo, encerra em seu imperativo o dever de honrar o próximo, bem como o direito de ter sua própria honra respeitada.
Nesta perspectiva a honra adquire seu valor objetivo que está ligado à condição da filiação divina, portanto, bem diferente da perniciosa e ilusória honra de bandido.
Vanderlúcio Souza
12 de jan. de 2009
HONRA DE BANDIDO